segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pediatra

Defino-me pelo pé. Sim, pelo pé, até porque, nada pode ser mais expressivo que os pés.

Por exemplo: Me acho um tremendo pé-quente, porém tem vezes que acordo com o pé esquerdo e meu dia já começa em pé de guerra. É como se a vida desse no meu contra pé. É normalmente, nesses dias, em que enfio o pé na lama, que eu fico com uma louca vontade de dar no pé, chutar o pé da barraca. Saio dando pontapés! Mas aí uma onda de consciência faz com que eu tome pé da situação e bote a cabeça no lugar, afinal, todos temos um dia de pé-frio.

O que eu acho um pé no saco, é levar uma rasteira de alguém. Sabe quando lhe tiram o pé de apoio? Pois é... É como se andássemos com um pé de pato, que nos impede de progredir. Por isso, tento sempre ficar de orelha em pé, pra que nenhum pé-rapado acabe me passando a perna. A vida é assim, e quando menos esperamos, podemos acabar surpreendidos. Por isso, é sempre bom saber onde se pisa, andar pé ante pé, pra não levar nenhum pé-na-bunda.


Não tenho samba no pé, não sou nenhum pé de valsa, o que seria um pé na roda, mas não, necessariamente, um objetivo ou uma filosofia de vida. Gosto de andar de pés descalços ou de tênis. Havaianas é coisa de praia. E, talvez por isso, eu tenha o pé chato. Aprecio muito o inverno, ou a chuva. O frio, enfim. Nada melhor que um pé d’água para olharmos um filmezinho, não? Ah... Como é bom ficar com os pés pro ar, deixar os pés de molho... Ruim é quando dá um pé de vento, que arranca pés de árvores, não deixando nada em pé. Isso sim, realmente me deixa de cabelo em pé.

Não sou pé de chinelo, também não quero que beijem meus pés. Não é qualquer um que chega aos meus pés, tampouco sou de pisar nos outros. Não sei porque tem gente que pega no meu pé... Mas sou assim, e nesse ponto, não arredo o pé. Minha vida é limpa e transparente, feito uma piscina, por isso não é preciso ficar com um pé atrás, com medo de entrar e não dar mais pé. Não sou de contar fofocas, muito menos segredos. Sou bom amigo, confiável, divertido. Tento ser especial para todos, ser diferente, deixar a minha pegada.

Estou no início da minha vida, ainda não fiz meu pé de meia, mas estou perto de pôr o pé na estrada. Espero não enfiar o pé na jaca. Mas se o fizer, sei que posso dar um passo atrás e recomeçar a caminhada. Gosto de dar um passo de cada vez, na pontinha dos pés, pensar com cuidado antes de tomar qualquer decisão. Manter os pés no chão.

Adoro pé-de-moleque (os da minha mãe são deliciosos), nunca tive bicho-de-pé, muito menos pé-de-atleta. Sou baixinho, pouco mais de 1,70m, pintor de rodapé. Odeio aquela piada esdrúxula “Você (tem) pé de homem?”, é desastrosa, infantil, sem-graça. E, apesar dessa crônica, não tenho pé de anjo, os meus são horríveis! Contudo, só eles conseguem me agüentar o dia inteiro.

Ah! Não me leve ao pé da letra, sou meio maluco mesmo, e, ás vezes, digo coisas sem pé nem cabeça.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Curriculum Lattes Atualizado!

Caso alguém queira saber um pouco mais sobre mim... Tá aí!

sábado, 28 de novembro de 2009

Algumas vezes o café está amargo.

Algumas vezes o café está amargo.
Então, depois da careta, olhamos o fundo da xícara. Era o açúcar. Estava lá – paradinho - bem no fundo. É preciso, então, mexer.

Assim é nossa vida. Quando sentimos um gosto amargo... É preciso ir ao fundo... Buscar boas recordações... Momentos marcantes! Mexer com o que está parado... Que pode trazer esperança.
Às vezes falta coragem... Mais fácil é parar e resmungar. Ficamos apenas fazendo careta.

Por isso, mexa as coisas boas que há dentro de você. Torne vida saborosa. É uma decisão urgente:
Mexa-se!

sábado, 10 de outubro de 2009

Para ti, escrito na solidão

Era noite. A luz era fraca, débil. Era uma luz tísica, feita de medos e de solidões. Eu procurava a ti, em minhas memórias, cego. Chamava por ti, mas tu não vinhas. Procurava-te e a pergunta era sempre a mesma - onde estás?

E o meu desejo, esse gato manhoso e arisco, vagueava pela noite, também ele à tua procura. Subiu ao telhado e miava, roucamente, de ansiedade. Que procurava ele, para além de ti? O teu sexo? A tua boca? A tua pele? – Teu sorriso, teus olhos, teu jeitinho de menina, você...

Estou cego, preciso da minha gata-guia.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Le vapeur des jours

Quae enim est vita vestra?
Vapor est ad modicum parens deinceps exterminatur (Tg 4,14)

E o que é a vida?
Não é mais do que um traço de vapor, uma coisa momentânea que tão logo aparece, assim se esvai.

Atiça

O calor, o som e a cor dos teus lábios, húmidos, quentes, febris.
O as curvas do teu corpo, e eu, vezes sem fim, a beijar-te irado, cruel.
No teu corpo as minhas mãos, repentinas. Olho-te, amo-te, desejo-te: Nascem-te dedos às esquinas.

domingo, 27 de setembro de 2009

Em Ti

Tudo em ti é puro
- o rosto,
o olhar,
a bunda que procuro.

Tudo em ti é verdade
- a palavra,
o gesto,
o sabor e a jovialidade.

Tudo em ti é fresco
- és como brisa nos matagais,
és como se fosses tudo
e não houvesse nada mais.

Lembra? Tem guardado? Lembra do resto?

Imagina...

Imagina-te deitada, os olhos fechados, o breu da noite que te cerca por todos os lados, o leve e suave toque do lençol de seda sobre a tua pele, o peso reconfortante dos cobertores sobre o lençol de seda. Imagina que me ouves. Que ouves a minha voz. Que ouves a minha voz no teu ouvido. E imagina que falo, calma e pausadamente, e que com a minha voz te dispo o corpo e a alma. Imagina-te despida de corpo e alma e que escutas a voz que te sussurra ao ouvido. A minha voz. A minha voz no teu ouvido.

A minha voz que te penetra, que te invade, que te domina, que te disseca e autopsia. A minha voz que te mói, que te rompe, que te viola, impiedosa, pervertida e incansavelmente. Estás, agora, em meus braços. Teu corpo febril, elétrico, aceso, se cola-se ao meu. Teu cheiro é o meu, e o meu cheiro é o teu. Agora, somos uno, grudados, juntos, fundidos, misturados. Tuas mãos me enlaçam o pescoço, com muita força. Meus braços, recíprocos, te seguram, firmes, pelo quadril. Ouça minha voz. Ela te diz, te sussurra ao ouvido, apenas para que não esqueças, que Eu te amo.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Ponto de Gräfenberg


"O ponto de Gräfenberg (ponto G) é uma zona franca de livre negociação, e psico-sensitiva que se localiza na parte antero-inferior do ponto interno de inserção do tendão do músculo pubococcígeo, ao lado da incisura pubiana e posterior ao ísquio médio." Foda de achar? Capaaaaaz!

Achei na seção de curiosidades do Desciclopédia. Entretanto acho que é motivo de curiosidade de muita gente, afinal, como diria Paulo Brito, "É bom esse Ponto de Gräfenberg , heinhô Batista!"

Os céticos (entre os quais dessa vez eu não me incluo) afirmam se tratar de outro mito, mais uma dessas lendas urbanas que habitam o imaginário masculino. Na verdade, pouco se sabe a respeito. Como eu sempre digo: Pode ser que sim, pode ser que não, mas mais certo é que talvez. A única coisa que eu posso fazer, é trazer à baila um dos mais famosos bordões do PB: "Fica a dica aí pessoal", pesquisem a respeito que se bem não faz, mal não há de fazer. Quem sabe, talvez, pode ser, "quiçá" sua parceira ache interessante seu conhecimento sobre o assunto... ;)

As Palavras


Estas são as palavras que te queria dizer.
Estas palavras são as palavras que não te disse mas que te queria dizer.
Estas palavras são as palavras possíveis de serem ditas de entre todas aquelas que eu te queria dizer:
EU TE AMO!
Estas são as palavras que te queria dizer.
Mas estas palavras são palavras, apenas palavras.
Estas palavras são palavras que nada te dizem.
Estas não são, definitivamente, as palavras que te queria dizer.
Porque são apenas palavras. As palavras que te queria dizer.
Quero mais que palavras.
Que me dizes?

PS:Não deu pra despedir-nos ontem, e eu nem pude lembrar-lhe que te amo. Queria mesmo era te dizer no ouvidinho, agora.

domingo, 20 de setembro de 2009

Dia do Gaúcho!

Bah Tchê!
Quase esqueci do dia do Gaúcho, home véio! Acho q foi porque eu fiquei o dia todo dentro do apartamento... Inicialmente, eu queria escrever um artigo tratando sobre o dia 20/09, mas como quase esqueci do dia, não vai dar mais...

Todavia, uma riminha gaudéria pra minha Prenda:
A ausência tem uma filha,
Uma filha que se chama saudade,
Eu sustento mãe e filha,
Ambas contra minha vontade!

Te amo, Benhe!

Tuas Mãos

Em todo meu corpo tuas mãos, repentinas,
Surgem-me às esquinas.

domingo, 13 de setembro de 2009

Vestígio...


Um vestígio é o traço da ausência na presença, ou presença de uma ausência. É possibilidade indistinta da materialidade semi-vazia, opaca, débil ou levemente presente. O vestígio é apenas uma ilusão: involuntária, dissoluta, crepuscular. Ponte e substrato temporal limiar ou ilimitável. Indefinível, afinal. É imponente e precário, majestoso e medíocre, esplêndido, admirável, suntuoso, insignificante, modesto e acanhado. Imanência destroçada. História aos cacos irreparavelmente entregue à leveza da imaginação ou lembrança. Espírito imanente das coisas em colapso. Mera representação psicológica.

É assim teu cheiro, teu sorriso, teus olhos. É assim que me encantas, me cativas, me conquistas. É assim que me apaixono cada vez mais. É assim que passo meus dias sonhando contigo: Nesse paradoxal vestígio.

Você é minha questão metafísica. E eu te amo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Encontro Gramatical

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula: ele não perdeu o ritmo e sugeriu um longo ditongo oral, e quem sabe, talvez, uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.

Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta dela inteira. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.

Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.

Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou pela janela, e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

sábado, 29 de agosto de 2009

Puberdade

Tudo começou com três pelos. Um na axila, um na virilha e um, muito tímido, no mamilo direito. Entrara na puberdade. Ficou Feliz. O fenômeno teve continuidade. Em poucos meses tinha o peito vasto de pelos, todos negros e muito grossos. E os pelos se espalharam por todo corpo, até não existir mais espaço para que nascessem. Um dia caiu morto no chão. Na autópsia se concluiu que não tendo mais lugar para nascer, os pelos nasceram para dentro e o asfixiaram. Morreu pela pelagem. Cuidado Púberes!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O Bêbado

Era uma bela tarde de domingo, bela demais, o sol brilhava, escaldante, torrando o cérebro de todo e qualquer indivíduo que, abusado, o desafiasse, abandonando o conchego de uma sombra qualquer. Principalmente após aquela doce e refrescante cervejinha.
Acontece que o sujeito que vinha dobrando a esquina da minha casa estava mais pra lá do que pré cá. Em total embriaguez. Mamado ao extremo. Zigue-zagueava aos tropeços em suas passadas inconstantes, aproveitando sempre ao máximo os limites da calçada, que atingia quase dois metros de largura. Como se não bastasse o indivíduo cantarolava “Eu me amarrei” em uma voz rouca e arrastada, contrastando um ritmo lento de desafinado.
A situação não era nada favorável: O sujeito estava todo suado e a camiseta listrada permanecia grudada em seu corpo fedendo a trago, com enfoque na barriguinha, que provavelmente surgira em razão ao permanente estado alcoólico. Ele já alcançava a altura da minha casa, caminhava o mais rapidamente que o equilíbrio que ainda tinha, o permitia. Chegava a ser triste.
Mais adiante, quando já passava pela minha casa, escorou-se em um poste de luz, apresentando aparente cansaço pelo esforço causado pela falta de equilíbrio. Olhou para o céu e mumurrou algumas palavras, como se conversando com o sol, que permanecia impiedosamente firme e forte. Muito forte. O fétido homem tornou a baixar a cabeça e retomando a cantiga, voltou a sua triste e solitária rota, possivelmente em busca de sua casa, até o ponto onde com auxílio do semáfaro, onde pendurou-se, conseguiu dobrar outra esquina, fugindo, então, do alcance dos meus olhos.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Os Bundões


Enquanto contemplo a tela branca deste computador que me encara, a espera que eu escreva qualquer coisa inútil, banal e descartável, sobre não importa o quê, recordo-me de um fato absolutamente irrelevante e corriqueiro. Aqui sentado, imóvel, em profundo silêncio, imerso numa dimensão, numa realidade inexorável e duvidosa, assisto alheio a tudo, o surgimento de idéias à superfície, e surpreso pela inconstância e desmotivada emersão destas, fico meio zonzo. Constato algumas recordações semi-esquecidas de uma infância não muito distante, e contemplo as ruínas de algumas paixões nada bem sucedidas. Lembro que, pra desviar o assunto, posso escrever sobre a bitola das ferrovias (a distância entre os dois trilhos), que nos EUA é de 4 pés, ou 8,5 polegadas. Isso porque são as mesmas medidas das bitolas inglesas, justamente pelo fato de as empresas que fabricavam os vagões serem as mesmas que fabricavam as carroças, e decidiram manter as medidas, para economizar com os ferramentais. Se fizermos uma análise, descobriremos que as carroças tinham esta largura, porque esta era a largura das antigas estradas da Europa. Me recordo também que isto é em função das bigas do antigo império romano, que abriu estas estradas em suas conquistas. E o mais surpreendente de tudo, é que estas bigas tinham esta largura, pois foram feitas pra acomodar dois traseiros de cavalos.

A partir deste fato banal emergem simultaneamente duas conclusões: 1) o transporte do mundo moderno foi fortemente influenciado pelos traseiros de dois cavalos da Roma antiga; 2) por vezes, muitas vezes, até eu me espanto com o superficialidade e a inutilidade daquilo que escrevo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Descrente

Quando mais novo me apaixonei por uma moça lá da paróquia. Muito bonita de busto viçoso e nádegas generosas. Vanessa. Cheguei a decorar salmos, compreender o velho e o novo testamento, preparava-me para ler a bíblia, quando ela mudou-se para outro estado. Abandonei o catolicismo. Me apaixonei pelos idéias socialistas e seus mentores Marx e Engels. Meses depois percebi que a má interpretação desses pensamentos resultou em graves ocorridos, causando muitas mortes, o que poderia incluir a minha, sendo eu moreno e baixinho. A partir daí, caí na descrença sobre qualquer sistema político-religioso que possa existir. Hoje sou anarquista, graças a Deus.

Mão

Imagina –me a mão, ave

Sempre por aí,
Voa solta,
A cantar, rouca,
Enquanto grandes vôos alça.

Hoje, contudo, anda louca,
Por ver-se em tua calça.

Ciúmes...

Assim como o ciúme cresce-me, o amor morre-me e nada mais resta do que fui ou do que sou. Há sangue por toda a parte, há um corpo aberto, no chão, pelo caminho. Quando passas de mãos dadas com Ele, raspas-me os tecidos moles com as solas dos sapatos e evitas-me pisar, enojada, as artérias que espirram ainda os fluidos que me mantém, momentaneamente, à vida. Ah! Se o fizesses em acabasses de vez com este sofrimento.

Aqui fico, nu, exposto. Ninguém se atreverá a dizer que respiro ou que vivo, não chego sequer a ter nome ou imagem, sou apenas um tipo morto no meio da estrada, um morto-vivo, uma anedota, uma miragem. Sigo apenas seu amigo.

Meu Medo

Toda vez que te olho, tenho medo de cegar, frente ao brilho dos teus olhos. Ainda olho, pois prefiro cegar com a visão do teu rosto intrínseca em minha retina, a morrer de saudade do teu sorriso.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Teu Olhar!

Há um brilho louco no teu olhar,
não sei se é o mesmo das estrelas
ou talvez o do luar.
Só sei que ele me faz ________*

* inserir a gosto: sonhar / vibrar / pirar / cantar / voar / surtar / palpitar / gamar / ou outro vocábulo qualquer à tua escolha. Sugestão: te amar.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Desejo

Aquela noite: escura;
No breu daquela noite: o silêncio;
Nos teus olhos: o desejo;
Da minha boca: contra a tua.


sábado, 3 de janeiro de 2009

Posses pelo Brasil Afora

Tomaram posse nesta ontem e hoje, mais de 5,5 mil prefeitos e 50 mil vereadores (segundo dados do Correio do Povo). E é bom perceber que esta ferramenta da democracia brasileira (o voto), torna a funcionar, em contra-ponto a períodos negros da história do país e da humanidade, quando somente os poderosos, homens e alfabetizados podiam execer este (hoje) direito do povo. Isto quando havia possibilidade de voto! O que é frequentemente lembrado, com saudosismo e uma pitada de segundas intenções, pelos românticos políticos e membros de elevada importância e cargos sociais. Como é fácil fazer o povão sentir-se feliz, achando que pode mudar o mundo com um simples voto!

"Você faz a Diferença!"... Em tempo eleitoral, é balela de quem sabe o que quer. Pergunto perguntas que assumem ar de retóricas: Por quê existe tanto desejo em se eleger, gastando (na quase totalidade das ocasiões) mais dinheiro nas campanhas do que se irá receber em salários por quatro anos? Por glória? Dizer que está defendendo o povo? Pra ajudar (e como essa palavra se repete) o povo?... Eu não duvido, ainda mais tratando-se de pequenos municípios, sem grande movimentação financeira ou importância econômica em sua região, estado ou país, mas acho pouco provável que prefeitos de metrópoles, governadores e presidentes, não envolvam-se na máfia que todos sabemos que existe por lá, mas costumamos nos calar...

O lado bom dessas eleições conduzidas e regradas pelo poderio econômico e causa maior (determinada pela alta sociedade), é que em cada final de gestão em que há troca de partidos/coligações, a rivalidade faz com que em final de ano, tudo esteja, forçosamente, funcionando, para mostrar eficiência ao povão e ao candidato eleito.

Espero que as perguntas que não querem calar, realmente não se calem e o povo comece a perceber que não é o voto (romanticamente evocado) mas a cobrança que torna cada um de nós elementos diferenciais em qualquer âmbito que for. Diz a constituição nacional brasileira que o poder emana do povo e para o povo, o que deve ser levado, com o perdão do trocadilho, ao pé da letra.

À todos empossados: Boa sorte, boa gestão e que elas sejam honradas, sábias, íntegras, disciplinadas e, principalmente, humanas.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Aguardem...

E nós, brasileiros acostumados com a antiga grafia teremos que nos acostumar.

É evidente que serão atingidas algumas mudanças de direções, no sentido do progresso, por parte do Governo (como referenciado no texto abaixo). É evidente também que a necessidade de renovação processual estende o alcance e a importância do retorno esperado a longo prazo, se é isso que se pretende. Mas pergunto: Ora, se a China que é um país com um idioma, diga-se simplificadamente, "complexo" é tido como uma das maiores potencias mundias, e economia emergente indicada como futuro centro econômico mundial, porque o Brasil não pode permanecer com o velho e bom Português-Brasil? Seria mais uma marmota governamental para angariar fundos ilicitamente (vulgo: lavar dinheiro)?

Façamos uma breve reflexão: Além de unificação idiomática, favorável economicamente ao Brasil, defende-se que isto facilitará o uso do idioma, em virtude do mesmo aproximar-se da fonética. Síntese: Se escreve como se diz. Agora, se a grafia for inarbitrariamente desarticulada de tempos em tempos, para facilitar a vida do brasileiro, em breve poderemos encontrar dicionarios apresentando termos como: vc, td, tbem, KBça... e até verbos como KH...

É inadmissível que os poucos brasileiros corretamente alfabetizados (o que não inclui os semi-analfabetos que julgam conhecer o idioma) tenham de render-se em detrimento a uma causa tão sacana quanto esta. Sendo assim, informo que este blog, até segundo comunicado, NÃO ADERIRÁ AS NOVAS NORMAS ORTOGRÁFICAS BRASILEIRAS, na esperança de que até o mês de março alguém se pronuncie no sentido de desfazer este grande erro que a (não mais tão conservadora assim) Academia Brasileira de Letras está cometendo. Aqueles velhos só podem estar gagás.

Desiludido com a perda da identidade nacional,
Feliz Ano Novo à Todos.