quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Os Bundões


Enquanto contemplo a tela branca deste computador que me encara, a espera que eu escreva qualquer coisa inútil, banal e descartável, sobre não importa o quê, recordo-me de um fato absolutamente irrelevante e corriqueiro. Aqui sentado, imóvel, em profundo silêncio, imerso numa dimensão, numa realidade inexorável e duvidosa, assisto alheio a tudo, o surgimento de idéias à superfície, e surpreso pela inconstância e desmotivada emersão destas, fico meio zonzo. Constato algumas recordações semi-esquecidas de uma infância não muito distante, e contemplo as ruínas de algumas paixões nada bem sucedidas. Lembro que, pra desviar o assunto, posso escrever sobre a bitola das ferrovias (a distância entre os dois trilhos), que nos EUA é de 4 pés, ou 8,5 polegadas. Isso porque são as mesmas medidas das bitolas inglesas, justamente pelo fato de as empresas que fabricavam os vagões serem as mesmas que fabricavam as carroças, e decidiram manter as medidas, para economizar com os ferramentais. Se fizermos uma análise, descobriremos que as carroças tinham esta largura, porque esta era a largura das antigas estradas da Europa. Me recordo também que isto é em função das bigas do antigo império romano, que abriu estas estradas em suas conquistas. E o mais surpreendente de tudo, é que estas bigas tinham esta largura, pois foram feitas pra acomodar dois traseiros de cavalos.

A partir deste fato banal emergem simultaneamente duas conclusões: 1) o transporte do mundo moderno foi fortemente influenciado pelos traseiros de dois cavalos da Roma antiga; 2) por vezes, muitas vezes, até eu me espanto com o superficialidade e a inutilidade daquilo que escrevo.

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